sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dia de Finados no Cemitério do Alecrim



Minha intenção nesse registro fotográfico foi mostrar as belezas do cemitério do Alecrim e o estado que se encontra.

Escolhi esse texto de Luiz Gonzaga para conhecermos um pouco do nosso centenário cemitério que deu origem ao Bairro do Alecrim.



Fragmento do artigo "Um Diálogo com os Mortos"
de Luiz Gonzaga

O Cemitério do Alecrim, localizado na cidade do Natal, Rio Grande do Norte, começa a apresentar marcas do tempo e da falta de manutenção persistente dos órgãos responsáveis do Patrimônio Histórico da cidade. 

Na verdade, não existe sequer algum órgão responsável pela manutenção deste cemitério, o que fica a cargo a penas do pessoal de serviço que trabalha no próprio cemitério, como vigilância, jardineiros, e dos próprios donos dos túmulos que tentam preservar sua certa e última morada. 
O Cemitério do Alecrim consiste de vários tipos de arquitetura funerária. Estando presente principalmente o "estilo" Protestante, que pode ser visto sempre com uma Bíblia, ou um livro aberto com um escrito de um salmo. Além do católico, e do Islâmico, que vêm normalmente com sua simbologia por escritos em árabe, e um pentágono. 
Este último estilo, o Islâmico, está presente no cemitério como se fosse um outro cemitério, ou seja, é como se tivesse um pequeno recanto, um lugar particular, parte dele até murado, isolado por correntes até, demarcando o território de uma arquitetura funerária islâmica. 
No cemitério, ainda podemos descrever algumas variáveis, como uma identidade própria, que diferencia de outros cemitérios, como é o caso do Morada da Paz, e o Cemitério de Nova Descoberta (outro bairro de Natal). A identidade aqui mostrada, é descrita com várias maneiras, que podem determinar a que época e família aquele túmulo pertence, como datas, da morte e nascimento, e até mesmo o próprio retrato do defunto. 
Podemos caracterizar outras variáveis como ícones. Ícone religiosos, como imagens de alguns santos, como o caso do Cristo, da Virgem, de São Judas Tadeu, São João, o próprio crucifixo, a Bíblia, Estrela de David, e ainda Ícones da Mitologia Grega, como o caso do Deus da Grécia Hermes. 
O Cemitério do Alecrim também traduz em sua característica, uma conversa com a morte e o morto. Diferenciado dos demais cemitério citados anteriormente, onde o de Nova Descoberta, ainda traz consigo características de identidade, com fotos, nomes e datas, mas apresenta desde já características de padronização, não existindo aquela verdadeira arte "desordenada" que se vê facilmente no Cemitério do Alecrim. Chamo de desordenada, mas na verdade seria um desordenado que forma em si um todo embelezando mais ainda o cemitério, onde se pode apreciar cada parte das obras nele presente. Já no Cemitério Morada da Paz, o que existe é apenas uma numeração, uma ausência de identidade. Seria apenas um jardim com suas lápides deitadas, descansando sob um imenso gramado. Resultado do que podemos chamar de moda, proveniente de alguns donos de antigo túmulos dos amis antigos cemitérios da cidade, buscar mais conforto e privacidade para seus familiares e amigos que hão passado de lado.